domingo, 25 de maio de 2014

Um novo comportamento

A determinação nunca foi o meu ponto forte. Como boa geminiana, sempre fui das mais dispersas, daquelas que começam diversas coisas, mas nunca terminam. Livros lidos pela metade, nossa, perdi as contas. Cursos, então, foram vários: canto, teatro, fotografia, umas duas pós, e... regimes. Da parte do início empolgado ao final desinteressado, são dias e dias que me fazem saber um pouco de tudo, mas não fechar ciclo nenhum.
Fiquei pensando sobre isso quando fui ontem na minha mãe. Fiz um ano de casada no último dia 8 de maio, e já são dois anos morando fora da casa dos meus pais. No entanto, ainda tem tanta coisa minha lá que às vezes parece que a situação de casada é somente uma coisa temporária.
E não é.
Foi uma escolha. E muito bem escolhida, por sinal.
(nesse momento, marido revira os olhos e suspira - é, eu que sei...)
*
Pausa para um tapa no marido pela gracinha, que morre de rir e pergunta "Que foi que eu fiz???"
*
Resolvi que deveria mudar essa situação, pois ela reflete tudo aquilo que eu penso no momento: eu preciso quebrar esse ciclo de coisas inacabadas, preciso começar a fazer com que as coisas respeitem uma ordem natural de começo-meio-fim.
Não, não vou me rematricular em todos os cursos e ler todos os livros... Acontece que algumas vezes essas coisas já não são mais importantes pra gente, ou já não tem mais nada a ver com a nossa personalidade ou realidade de hoje. Mas nós continuamos carregando esse peso, esse carma, e deixando pra depois o momento de finalmente dar um ponto conclusivo nessa história.
Isso acontece com as coisas que a gente guarda e nunca se livra, que só entulham nossas prateleiras e armários. São cartas, livros, roupas, papéis de presentes, agendas e quinquilharias que ocupam o espaço das coisas novas e que realmente importam no momento presente da  vida. Não digo que as lembranças são desnecessárias ou banais, mas pense: quanta coisa inútil a gente guarda por medo de se desprender? Quantas situações deixamos em aberto por puro egoísmo, medo, ou por não sabermos como resolver no momento, mas que continuam a nos incomodar por anos a fio? 
*
Já não há mais motivos para deixar de praticar o desapego. Passar pra frente aquilo que não serve mais, além de uma atitude corajosa, me faz pensar que eu estou fechando alguns capítulos em aberto. Sei que antes eu não era capaz, seja por imaturidade ou medo, mas hoje, frente a tudo aquilo pelo que já passei e aprendi, depois de ter vivido essas escolhas e processos de rompimento, dolorosos e cicatrizados, não há mais motivos para deixar acumular qualquer coisa que não seja experiência e felicidade. 
Não que eu vá abrir mão de tudo, mas apenas daquilo que não importa mais, já passou, pronto e acabado.
*
Abri a porta do armário e retirei tudo aquilo que me pertencia - se bem que o irmão mais novo já tinha se dado ao trabalho de amontoar tudo em um espaço mínimo, afinal, ele queria um lugar a mais para guardar suas coisas... Peguei as roupas, bolsas e quinquilharias. Separei o que eu ia dar, o que ia jogar fora e o que levaria para casa. Voltei com um saquinho de mercado contendo 5 peças de roupas que ainda me agradavam. Ainda não consegui me livrar de tudo - ainda mais com uma mãe como a minha, acumuladora por natureza, dando assistência no processo - no entanto, me orgulho de ter dado um passo importante. 

Afinal, emagrecer também é um processo de desprendimento. 

domingo, 4 de maio de 2014

Pequenas conquistas

Comecei esse percurso em janeiro de 2014. Em cinco meses, começo a perceber as mudanças em meu corpo e - que felicidade! - muita coisa já mudou.
Uma das razões principais para qualquer pessoa começar um processo de emagrecimento é a conhecida crise do "nada me serve". O corpo do obeso tem inimigo mortal, o guarda roupa.
Ah, ser inanimado, que guarda desafios intransponíveis, obstáculos assustadores, guerras sangrentas... são botões que não fecham, é o zíper que não sobe, camisas com volumes sobrando, calças que não passam dos joelhos... E não há cinta que disfarce, também não adianta deitar na cama, nem dar pulinhos, essa calça não te serve mais e você terá que... comprar uma maior!!!
Bem, isso não é novidade. Enquanto eu escrevia, passou um filme na minha cabeça, afinal, todos já passaram ou conhecem alguém que já fez esse ritual em casa.
E eu estava ali, cinco meses depois de começar a dieta, pronta para encarar o armário mais uma vez. O que será de mim? Será que estou no caminho certo? Será que deu resultado?
Peguei um short jeans. Olhei para ele, que me encarou com seu.tom azul desbotado. Aquele velho short jeans, companheiro de aventuras... será que você vai se tornar meu divisor de águas?
Vesti.
Passou pelo joelho. Respirei. Subi mais um pouco e ele deslizou pela coxa, abraçando meus quadris. Cheguei a cintura. "É agora", pensei. Juntei as duas mãos e segurei a respiração. Fechei os olhos. O botão passou pela casa. Abaixei meu polegar e o indicador, até sentir o metal do zíper. Puxei devagar...
E subiu.
Subiu? Subiu!!! Abri os olhos e soltei o ar. Uau! Eu estava vestindo um short que não servia há dois anos! Dois anos!!!
Me enchi de orgulho e fui desfilar para o marido na sala, que sorriu e falou aquilo que todo marido fala:
- Hmmmm, comprou roupa nova, é?
Não, seu mané, melhor ainda! Vesti a roupa que não servia! E isso é MELHOR do que comprar qualquer roupa nova. Muito melhor!
Aí virou festa. Fui tirando cada uma das peças do armário e experimentava, ficando cada vez mais alegre. Um vestido azul, um tomara-que-caia branco, calças jeans, blusinhas... cada uma das roupas tinha uma história, e era tão bom revê-las. Uma comemoração de ano novo, o aniversário da colega de trabalho, uma peça de teatro, uma viagem... e agora elas, que estavam esquecidas, novamente poderiam fazer parte da MINHA história, do meu momento.
Deixar o passado e se fazer PRESENTE.